Realização tem como objetivo a produção de um jogo digital com perspectiva crítica sobre violências de gênero.
Foto: Visita do Projeto Internet LEGH ao espaço do PAQ na Bewiki para realização de um bate-papo sobre questões de gênero, em outubro de 2023. Acervo PAQ.
Desde meados de 2024, a coordenação do Projeto “Internet Segura com Perspectiva Crítica de Gênero”, vinculado ao Laboratório de Estudos de Gênero e História da Universidade Federal de Santa Catarina com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina, vem acompanhando eventos e encontros promovidos pela Prototipando a Quebrada (PAQ), uma organização não governamental da Grande Florianópolis voltada à formação de jovens periféricos entre 16 e 21 anos e à sua inserção no ecossistema de tecnologia e inovação do Estado.
A ONG tem criado espaços de aprendizagem com uma abordagem comunitária desde 2018, impactando mais de 200 jovens e atuando como uma verdadeira ponte entre a periferia e os centros de inovação. Sua missão, citada na página oficial, é reduzir a desigualdade social por meio de acolhimento, escuta e oferta de programas qualificados em diversas áreas da tecnologia.
O primeiro contato entre os projetos ocorreu no início de abril, durante a VII Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CECTI). A partir daí, várias conversas foram realizadas com o fundador e líder de captação, Jefferson Lima, com a líder de comunidade, Yohana Galvani e com o líder de aprendizagem, Cadu Ferrari. Nesse momento inicial, expectativas foram alinhadas para a elaboração de um plano conjunto que englobasse o desenvolvimento de um material didático inovador, além de bate-papos sobre questões de gênero, feminismos e sexualidade. O primeiro bate-papo, conduzido por pesquisadoras do Projeto Internet, ocorreu em outubro, no espaço de coworking Bewiki, que é uma das sedes do PAQ no centro de Florianópolis. Já o segundo, foi realizado na semana seguinte, no Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH) da UFSC.
Em meio às trocas que estavam sendo feitas nas rodas de conversas, foi enviado ao PAQ uma carta-convite detalhando a proposta e o cronograma da parceria pretendida, o que resultou na criação do projeto de extensão “Jogando com a Quebrada”, vinculado ao LEGH. O título do projeto faz referência ao desenvolvimento de um jogo digital focado em temas de gênero, diversidade e sexualidade no contexto da internet, ideia que surgiu dos primeiros diálogos entre as equipes e que, agora, começa a ganhar contornos. Nessa colaboração, o LEGH será responsável pelo financiamento e pela base teórica em estudos de gênero e violência digital, enquanto o PAQ ficará encarregado da criação da mecânica e narrativa do jogo educativo, passando pelo processo de prototipagem, teste e entrega de um produto final que é voltado ao público jovem e adolescente. O projeto também conta com a mentoria do designer de jogos Luiz Eduardo Franzói de Azevedo.
O objetivo maior dessa parceria integra-se a outras iniciativas do Projeto Internet, que desde 2020 busca promover pesquisas e reflexões sobre as possibilidades e os desafios da expressão online, abordando tanto a interseccionalidade das violências digitais quanto as limitações da legislação brasileira no enfrentamento de crimes cibernéticos. Todos estes resultados podem ser encontrados neste site, na aba “Materiais Didáticos”. A expectativa é que o jogo esteja concluído até junho de 2025, acompanhado de um plano de divulgação que contará com o apoio dos jovens da PAQ. Até lá, as equipes continuarão participando de “torós de ideias”, via Discord, e adicionando ideias semanalmente ao board do Milanote.
Texto: Elaine Schmitt