A disseminação de misoginia, discursos de ódio e a circulação de desinformação são desafios crescentes no ambiente digital. Compreender as dinâmicas desse espaço é cada vez mais fundamental para analisar as relações sociais contemporâneas. Nesse contexto, o Projeto Internet LEGH tem se dedicado a estudar a interseção entre gênero, história, democracia e comunicação, apontando tanto a proliferação de discursos antifeministas quanto o potencial emancipador dos conteúdos feministas e de defesa dos direitos humanos.
Recentemente, a iniciativa oficializou uma nova parceria para a produção de vídeos educativos, ampliando o alcance de seus materiais. A colaboração ocorre em um cenário no qual criadores de conteúdo e influenciadores digitais ganham cada vez mais espaço na divulgação de informações, muitas vezes superando os meios de comunicação tradicionais na preferência do público, conforme apontado pelo Instituto Reuters (2024).
Histórico e novos objetivos
Em uma fase anterior do projeto, foram produzidos oito vídeos em parceria com o Portal Catarinas, abordando conceitos fundamentais dos estudos de gênero e feminismo. Utilizando uma linguagem acessível e didática, os materiais trataram de temas como a historicidade dos feminismos, interseccionalidades, luta anticapacitista e antirracista, além da violência de gênero e digital.
Agora, o projeto avança com uma nova série de vídeos, desta vez em colaboração com a criadora de conteúdo Carolline Sardá. Conhecida por debater questões feministas e antifeministas em seu canal no YouTube, Carolline também desenvolve a série “História das Mulheres”. A nova produção, que tem previsão de lançamento para maio, irá abordar a consolidação de leis brasileiras relacionadas ao espaço online sob a perspectiva de gênero e por um viés histórico. Entre os temas contemplados estão a Lei Maria da Penha (11.340/2006), Lei Carolina Dieckmann (12.737/2012), Lei Lola (13.642/2018) e Lei Rose Leonel (13.772/18).
Combate à desinformação
O embate entre narrativas democráticas e discursos de desinformação tem se intensificado no Brasil e no mundo. Em Santa Catarina, por exemplo, movimentos como o Escola sem Partido promovem a disseminação da chamada “ideologia de gênero”, buscando deslegitimar estudos sobre gênero e sexualidade. Frente a esse cenário, iniciativas como o Projeto Internet LEGH buscam criar redes de apoio e ampliar o acesso a informações confiáveis sobre o tema.
Com a nova parceria, o objetivo é ampliar o alcance do debate, garantindo que a internet se fortaleça como um espaço de produção de conhecimento crítico e conscientização sobre questões de gênero e cidadania digital.
Roda de conversa e lançamento de outros resultados do projeto
Contando com o auxílio da NMA Talents, também está sendo organizada a participação de Carollina Sardá em uma roda de conversa que acontecerá dia 17 de junho de 2025, na Universidade Federal de Santa Catarina. Além de ser uma grande oportunidade de conhecer melhor a criadora de conteúdo, faremos o lançamento de outros resultados do projeto como a nova Cartilha sobre Violência Política de Gênero, podcasts e o jogo digital que está sendo desenvolvido em parceria com a ONG Prototipando a Quebrada.
Texto: Elaine Schmitt